Em casa, nós somos o que somos. Sentimo-nos à vontade, como sugere a expressão “sinta-se em casa”. E por este motivo, ali, no cotidiano, aparecem todas as nossas virtudes, mas, sobretudo, os nossos vícios. Dessa forma, para muitos, estar em casa foi como ficar permanentemente à frente do espelho da alma: enxergamos nossas imperfeições, nossos limites, nossas misérias. Por exemplo, nos últimos anos, os apartamentos tornaram-se cada vez menores. A regra se tornou ficar pouco tempo em casa e, por isso, deixamos de olhar para nosso ego nu e destemperado. Porém, toda essa rotina e construção social mudaram, pois fomos obrigados a alterar nossa vida diante de uma conjuntura muito maior do que nós. Muitos estão mantendo sua sanidade e conseguindo reordenar sua vida, porém, sabemos que há tristeza e desalento entre muitos brasileiros. É por isso que recomendo a leitura de “O trem e os passageiros” de Ricelly Catalunha. Ao ler a bonita história da família de Calel e Elizabete, o leitor ficará com a sensação de que também precisa resgatar algo perdido em seu porão. A breve tristeza, pelo tempo esvaído, logo passará e dará passagem à esperança, à singeleza e ao afeto. Todos nós precisamos olhar para nossa história e resgatar valores perdidos. Só dessa forma seguiremos em frente.
Boa leitura.